Reflexão a partir do texto de Andréa Cecília Ramal: “O computador vai substituir o professor?”
Palavras destaque do texto: “construir juntos”
COMPUTADOR: HERÓI OU VILÃO DO FUTURO?
Conforme o texto de Andréia Cecília Ramal, o professor que não dominar as mídias e utilizá-las como recurso transformando suas aulas em um show de multimídias interativas, será perfeitamente dispensável das escolas no futuro.
O professor do futuro, conforme a autora, deverá utilizar com desenvoltura os aparatos midiáticos promovendo a interação dos sujeitos com o mundo, acessando as redes de informação, promovendo a construção coletiva dos conhecimento onde “todos são mestres”.
A autora desconsidera a realidade da maioria das famílias, das escolas e de grande parte dos professores brasileiros, que não possuem essa tecnologia para usufruir.
Historicamente atribui-se educação a função de redentora da humanidade, que compete a ela mudar a sociedade e melhorar o mundo. Hora culpa-se o aluno e família pelo fracasso escolar, hora culpa-se o professor, seus métodos e técnicas.
Também buscam-se respostas em novas teorias e estudos, novos métodos e formas de ensino. Enfim, acredita-se haver remédio para curar o mal que aflige o ensino escolar na busca de melhorar aprendizagem.
Com o desenvolvimento tecnológico e o real interesse das crianças e jovens por ela, surge a idéia da utilização das mídias no ensino como forma de transformar as aulas em uma aventura, onde todos aprenderão igualmente, independente dos demais fatores etiológicos e sociais que interferem na aprendizagem escolar.
Alguns estudiosos mais comprometidos procuram formas de melhorar o ensino nas escolas e buscam meios de promover aprendizagem significativa que possibilitem a inclusão social. Incluem-se, entre outras iniciativas, a utilização das mídias como forma de cativar os alunos para a busca de conhecimentos disponíveis nas redes interativas.
No entanto, precisamos ter clareza de que a introdução das mídias interativas nas salas de aula não dará conta de resolver todos os problemas que assolam educação.
Pensar que “O computador vai substituir o professor?”, é perda de tempo. Em minha opinião o foco deve ser a construção de propostas sérias e promoção de políticas realmente comprometidas com educação.
Propostas que sejam duradouras, independam de mudanças políticas e que os princípios da gestão democrática propiciem a busca de soluções dentro de cada realidade, onde pais e educadores possam ser ouvidos e tenham seus direitos de cidadania respeitados.
O computador colocado como um herói nas escolas, se não for bem utilizado, poderá tornar-se o vilão do ensino, pois corremos o risco de desconsiderar o “fardo pesado dos conteúdos” e cair na banalização das aulas, onde cada sujeito aprende o que tem curiosidade. Sem controle, pode ser o caminho para a banalização da escola. Certificaremos indivíduos sem a base mínima de conhecimentos necessários para atuar na sociedade do futuro, embora dominem as mídias. Crianças e jovens não têm condições de decidirem sozinhos o que precisam aprender, requerem a supervisão de profissionais bem preparados, comprometidos e orgulhosos de sua profissão.
Defendo a inclusão das mídias de forma organizada e com responsabilidade, como auxiliar do ensino e ponte de acesso a informações, onde o professor seja o mediador. Para tanto, o professor precisa ter conhecimento, domínio e acesso às mídias para poder ensinar e aprender com seus educandos. Não creio no ensino submetido à máquinas onde o professor fique submisso aos alunos por não ter condições de acompanhar a evolução.
Pedro Demo escreve sobre os requisitos básicos para que se construa o perfil do professor do futuro. O profissional deverá ser:
“1) pesquisador;
2) formulador de proposta própria;
3) capaz de por em prática a teoria e teorizar a prática;
4) “permanente” atualizado em seu conhecimento;
5) aperfeiçoar-se também nos meios tecnológicos;
6) torna-se interdisciplinar;
7) deve ter mestrado;
8) engajado com a cidadania;
9) Professor do futuro é aquele que sabe “fazer” o futuro.”
Para que o professor “venha a ser” o idealizado, faz-se necessário investir no profissional humano, tanto na formação quanto na remuneração, para que este possa recuperar sua dignidade e respeito.
Melhor preparado, o professor poderá desempenhar bem seu papel de educador e poderá “construir junto” com seus alunos, os conhecimentos indispensáveis para os cidadãos contemporâneos.
REFERÊNCIAS
2. RAMAL.Andrea Cecília. Apostila do Curso PROINFO 20011.